15/5/2024

Queda de juros adiada pelo FED

Nossa tese de inflação mais persistente nos Estados Unidos após os excessivos estímulos durante o período da pandemia e juros elevados por mais tempo tem se comprovado. 

Apesar do aumento da taxa de juros americanos ao longo de 2022 e 2023 para o maior patamar de taxa desde 2007, o FED (Banco Central Americano) tem tido dificuldade em deixar a inflação dentro de meta (2% a.a.), Figura 1. Essa dificuldade tem sido vista em outros países desenvolvidos como Reino Unido, Austrália e a Zona do Euro.

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Figura 1: Inflação em Países Selecionados (Elaboração: Kinea)

Sem vislumbrar um cenário concreto de inflação dentro da meta, o FED, seguido pelos demais banco centrais, tem adiado o corte de juros (Figura 2), que deve ficar só para o próximo ano.

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Figura 2: Mudança na expectativa de corte de juros pelo Mercado (Elaboração: Kinea)

Somado a isso, a dívida pública americana, de 120% do PIB, deixa o cenário ainda mais complexo. Uma dívida dessa magnitude, com juros elevados como os atuais, pode gerar um efeito “bola de neve” das contas públicas, onde o custo para manter a dívida já é o suficiente para impedir uma melhora no fiscal sem um custo social elevado. 

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Figura 3: Evolução da dívida pública americana como % do PIB

Só há três formas de resolver isso: corte de gastos, aumento de impostos e inflação. O primeiro dificilmente acontecerá na conjuntura política atual e, especialmente com a proximidade das eleições, o segundo também tem pouca empatia da população e, por isso, espaço limitado para crescer. Parece que, efetivamente, só resta a 3ª alternativa: a inflação, que por sua vez retroalimentaria ainda mais esse ciclo.

Diante disso, acreditamos que a guerra americana contra a inflação continua longe do fim. Precisamos aguardar com cautela os próximos passos do FED para entender as consequências dessas ações. 

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Conferência em Omaha: Lições de Warren Buffett para o momento atual

No último sábado (04/05), cerca de 30 mil pessoas estiveram em Omaha para participar da tradicional conferência anual da Berkshire Hathaway, empresa do grande investidor Warren Buffett.

Buffett é tido como um dos pais do investimento em ‘valor’, um estilo que adotamos na escolha das nossas ações; por isso, estamos sempre atentos às suas decisões.

Um ponto relevante comentado na conferência foi a venda de US$ 40 bilhões de ações da Apple, a maior posição da Berkshire. Buffett justificou a decisão pelo seu receio de aumento de impostos nos Estados Unidos.

"Com as políticas fiscais atuais, acho que algo tem que ceder. Impostos mais altos são bastante prováveis, e se o governo quiser obter uma parcela maior da sua renda, da minha ou da Berkshire, eles podem fazer isso. E podem decidir que algum dia não querem que o déficit fiscal seja tão grande.”

Com a venda das ações da Apple, a Berkshire Hathaway atingiu um caixa recorde de US$ 189 bilhões. Warren Buffett, diante das condições atuais de mercado, como altas taxas de juros e inflação, não vê problema em acumular esse montante, prevendo que chegará a US$ 200 bilhões em breve. Ele descartou comparações com bolhas passadas e explicou que a falta de uso desse dinheiro se deve à falta de oportunidades de investimento significativas que atendam aos critérios da empresa. Buffett enfatizou a importância de investir em negócios conhecidos e alinhados com a gestão da Berkshire

Buffett disse: “Não acho que alguém sentado nesta mesa tenha ideia de como usá-lo efetivamente, e, portanto, não o usamos.”

Apesar dos juros altos terem sido minimizados por Buffett, quando o mais proeminente investidor da história expressa incerteza sobre onde alocar seu capital e prefere mantê-lo em caixa (renda fixa), é um sinal de alerta para todos nós. Ficamos satisfeitos ao constatar que adotamos uma abordagem semelhante para nossas recomendações no exterior em dezembro de 2023, reduzindo nossa exposição às ações nos Estados Unidos e direcionando esses recursos para investimentos em renda fixa em dólar, para aproveitar as altas taxas de juros mencionadas anteriormente.

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Choque de realidade para o Brasil

Em abril, o governo anunciou a revisão da recém-nascida meta fiscal, conforme ilustrado na Figura 4. Apesar de ser uma medida esperada, o adiamento da meta de superavit, que almeja receitas superiores às despesas, causou desânimo e pessimismo entre os investidores. Esse sentimento foi provavelmente acentuado pela rapidez com que o governo desistiu de buscar a responsabilidade fiscal, apenas sete meses após a implementação da nova meta fiscal.

Figura 4: Meta e Projeção de Superavit fiscal

Descaso fiscal brasileiro e perspectiva de juros maiores nos Estados Unidos fizeram com que economistas e investidores ajustassem a expectativa de juros por aqui. A projeção do Boletim Focus é de juros acima de 9,5% a.a. ao final de 2024. Já os Juros Futuros, negociados em mercado, mostram uma Selic em 10,4% no mesmo período.

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Figura 5: Estimativas do Boletim Focus para a Selic

É importante introduzir um conceito econômico relevante: o juro neutro. Esse termo se refere ao nível da taxa básica de juros que não estimula nem desestimula a economia. Hoje, o Bacen estima que o juro neutro no Brasil é de 4,5% a.a.. Diante disso, uma taxa Selic de 10,50% e com perspectiva de cerca de 9% para os próximos anos é um patamar bastante restritivo para a economia. Por outro lado, parece sensato diante de um mundo com juros mais altos e um Brasil com um cenário fiscal fragilizado.

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O que fazer neste cenário?

O crescente pessimismo fiscal, aliado à expectativa de juros mais altos tanto no Brasil quanto no exterior, impactou negativamente o desempenho das ações brasileiras em 2024. As Small Caps foram particularmente afetadas, registrando uma queda de 8,11% no ano. Enquanto isso, o Ibovespa apresentou uma redução de 4,23%, e as nossas ações recomendadas caíram 3,75%

Figura 6: Performance das ações em 2024

Não apenas as ações sofrem com o pessimismo, mas também os títulos de renda fixa, como o Tesouro IPCA+, têm apresentado rentabilidade negativa pela marcação a mercado. O IPCA+ com vencimento para 2045 acumula queda de -6,83% em 2024. Grandes gestores já anunciaram que vão reduzir ou zerar sua exposição nesses títulos.

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Figura 7: Notícia do dia 07/05/2024

As dúvidas que pairam são: esse pessimismo é justificado? E por conta dele você deveria vender suas ações e títulos do governo?

Acreditamos que há motivos para estarmos mais pessimistas, sim, porém, isso não justifica nenhuma mudança significativa na sua carteira de investimentos.

Em primeiro lugar, porque o perfil de investimento não muda com o cenário econômico e o segundo que a nossa alocação tática segue recomendando títulos prefixados e IPCA+ e maior exposição, desde que ofereçam taxas atrativas, superiores a 13% ou IPCA+7% ao ano, respectivamente.

Tabela 1: Expectativas do Boletim Focus (Fonte: Banco Central do Brasil)

Aprofundando mais nossa visão. Mesmo tendo em vista a atualização das perspectivas para a Selic, Tabela 1. Investir em Pré ou IPCA+ até 5% acima do perfil recomendado como alocação tática (pontual), ainda nos parece uma boa opção, como calculado na Tabela 2.Erro! Fonte de referência não encontrada. 

Tabela 2: Análise comparativa de taxas com base nas projeções do Boletim Focus

Panorama do Mercado - Novembro/2024

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