Principais Fatos Recentes
O relatório de Panorama de Mercado é um resumo elaborado com o intuito de trazer os principais acontecimentos relacionados ao mercado de investimentos. Abaixo, segue o link para o relatório enviado no mês passado, caso você não o tenha lido ainda:
A seguir, os principais temas abordados nesse relatório:
- Economia Internacional;
- Brasil: Economia e Política;
No decorrer do relatório, você também encontrará links para as principais notícias vinculadas nessas últimas semanas, caso deseje se aprofundar nos temas citados.
Caso prefira ver o panorama do mercado do mês de outubro em formato de vídeo, basta clicar no vídeo abaixo.
Economia Internacional
Retirada de Estímulos nos EUA
Após a crise de 2008 o FED, banco central americano, iniciou o processo de quantitative easing com o objetivo de estimular a economia a partir da compra de ativos do mercado financeiro. Esse processo foi intensificado durante a pandemia com a intensão de evitar uma recessão.
Neste dia 03/11 o FED anunciou, enfim, o início da retirada desses estímulos, processo apelidado de tapering. A redução deve começar já em novembro de 2021 com previsão de terminar em 2022.
Acreditamos que essa é uma atitude mais economicamente responsável por parte da autoridade americana, apesar de muito atrasada. Contudo, os mercados podem sentir falta do apoio do FED, já que as compras de ativos vem sendo um dos principais motores da alta do mercado americano.
O FED, no entanto, continua a categorizar a inflação americana como passageira, resultante apenas dos descasamentos de oferta e demanda por conta da pandemia. Nós temos uma opinião que diverge dessa visão do FED, já que que o governo realizou grandes estímulos monetários nos últimos meses. O CPI, principal índice de inflação do país acumula alta de 5,4% nos últimos 12 meses.
Participação da Força de trabalho EUA
Ainda em níveis pandêmicos, o % de participação da força de trabalho dos Estados Unidos tem se mantido estavelmente baixo nos últimos meses, mesmo com o arrefecimento da pandemia e a recuperação econômica.
Acontece que boa parte da força de trabalho ainda não quis retomar as atividades, parte disso pode ser explicado pelos cheques de estímulos fornecidos pelo governo americano.
Para ter uma dimensão do que está ocorrendo, existe uma falta de trabalhadores no País, e para isso, cadeias de fastfood como o MC Donald’s estão repassando sucessivos aumentos de salário para manter seus restaurantes em funcionamento. Algumas lanchonetes da empresa chegam a pagar 21 U$$/hora para seus funcionários, o que equivale a cerca de R$19.000 por mês.
COP26 – Conferência Climática
Líderes mundiais se reúnem entre 31/10 e 12/11 para discutir metas globais para conter o aquecimento global. É esperado que dessa reunião sejam definidos objetivos para os países participantes para redução de emissões. Também é esperada a regulamentação do mercado de créditos de carbono.
Para o Brasil, a conferência pode ser importante para melhorar as relações internacionais do país, que tem sido pressionado por temas sensíveis para a pauta ambiental, como o desmatamento da Amazônia.
Crise Energética Ameaça Economia Global
Conforme falamos no último relatório, a crise energética que a Europa e China passam tem causado receios sobre o desempenho da economia global.
Revisitando o tema, alguns países passaram por um processo de intensa descarbonização de suas economias. Esse processo tem trazido alguns impactos negativos no fornecimento de energia nessas regiões, já que a geração de energia renovável não está sendo capaz de atender a demanda necessária por energia, dada a retomada econômica e, no caso da Europa, uma baixa produção eólica.
O chamado ESG (Environmental, Social and Governance) ultimamente tem focado principalmente no “E” de Environmental, que se refere às preocupações ambientais. Esse movimento, no entanto, deve ser visto com cautela. Um movimento extremo para troca da matriz energética pode gerar insegurança econômica e prejudicar financeiramente a sociedade, especialmente os mais vulneráveis, que são os primeiros a sofrer com reajustes nas tarifas de energia e aumento da inflação.
Conclusões
O cenário de desarranjos econômicos continua e pode perdurar para o próximo ano e ser mais um fator, além dos estímulos monetários, que faça com que a inflação global permaneça como um problema.
Informações relevantes nos links a seguir:
- Fed reduzirá compra de títulos em US$ 15 bilhões por mês a partir do final de novembro - InfoMoney
- McDonald's in the United States is willing to pay $ 21 an hour for staff shortages (entrepreneur.com)
- Crise energética ameaça economia global, diz Macron | Mundo | Valor Econômico (globo.com)
- O que esperar da COP26 | Super (abril.com.br)
- Metas mais ambiciosas e U$S 100 bilhões de países ricos: veja 5 pontos centrais da COP26 para o Brasil | Cop 26 | G1 (globo.com)
Brasil: Economia e Política
Teto de gastos e debandada da equipe econômica
O teto de gastos foi um dos temas mais comentados de outubro. O teto é um limite para os gastos governamentais que tem como objetivo controlar a dívida pública e aumentar a responsabilidade fiscal dos governantes, por isso a sua importância.
Em outubro vimos que o “furo” no teto de gastos já passa a ser uma realidade, o que reduz a segurança econômica brasileira, trazendo pessimismo para os agentes do mercado. O governo pretende gastar mais que o permitido pelo teto para honrar com precatórios e atender ao novo programa de assistencialismo, o Auxílio Brasil.
O ideal, no entanto, é que os recursos para os programas sociais e os precatórios fossem realocados de outras despesas, e não através do rompimento do teto de gastos e aumento da insegurança fiscal brasileira. Após essas notícias, houve uma debandada da equipe econômica, o que reduziu ainda mais a credibilidade de governo.
Esses foram um dos principais impactos para o mau desempenho da bolsa em outubro. A bolsa registrou queda, enquanto as taxas de juros e o dólar registraram altas. Esses fatores devem dificultar a recuperação econômica brasileira.
Alta na Selic
Na nossa avaliação, a continuidade da alta de juros era esperada e necessária para conter as pressões inflacionárias atuais.
Também acreditamos que a alta continuará nas próximas reuniões, dado que a inflação deve se alastrar para o próximo ano. Ainda mais, levando em conta a situação fiscal crítica, volatilidade do câmbio e elevação de preços dos combustíveis e da energia elétrica.
Atualmente, a previsão do mercado, através do Boletim Focus, é que a Selic alcance 8,75% até o final de 2021 e termine 2022 em 9,5%. Enquanto isso, a inflação prevista para 2021 é de 8,96%. Essas previsões têm sido revisadas para cima nos últimos meses, refletindo um aumento do pessimismo.
Achatamento na Curva de Juros
Em outubro tivemos um fenômeno do achatamento da curva de juros. Em termos práticos, o mercado precifica que o risco de pagamento de juros no curto prazo é tão alto quanto os de longo prazo, o que reflete o aumento da incerteza do momento atual, já que o habitual é que títulos mais longos paguem uma taxa maior.
“Economês” à parte, o importante é saber que movimentos como esse normalmente antecedem períodos de recessão. Não há certezas quando estamos nos referindo ao futuro, mas esse é mais um indicativo de que o momento atual pede cautela.
Confiança de consumidores e empresários
Consumidores continuam menos confiantes do que os empresários em relação à economia, essa divergência aumentou ainda mais em outubro quando tivemos uma queda expressiva da ICC (índice de Confiança dos Consumidores).
A baixa confiança dos consumidores pode ser um empecilho para recuperação econômica dado que leva a uma menor disposição ao consumo.
Conclusões
Há algum tempo temos sinalizado que a bolsa brasileira deveria enfrentar um momento de maior volatilidade e estamos nesse momento. Vale também lembrar que em 2022 haverá eleições presidenciais, momento que sempre traz consigo uma turbulência no mercado financeiro.
A possibilidade de um ano pouco animador para economia em 2022 também é alta, impulsionada pela instabilidade política e fiscal, além da política monetária contracionista (juros altos).
O mais importante nesse momento é ter alocação em bons ativos, manter a estratégia de investimentos com foco no longo prazo e continuar com os aportes. Não há apenas bolsa de valores nos investimentos. Os nossos clientes recebem recomendações em diversas classes de ativos, é importante que a performance da sua carteira seja avaliada como um todo.
Informações relevantes nos links a seguir:
- Boletim Macro | IBRE (fgv.br)
- O que é o teto de gastos, que o governo planeja furar? (uol.com.br)
- Disparada dos juros futuros suscita temor de recessão | Finanças | Valor Econômico (globo.com)
E aí, o que achou desse artigo? Quer receber mais artigos como este em primeira mão? Inscreva-se na nossa newsletter.