Principais Acontecimentos
Nesse relatório trouxemos nossa avaliação dos principais acontecimentos atuais da economia e mercados nacional e internacional.
Cenário Internacional
Tensões entre China e Taiwan se elevando
Em meio a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia, as tensões entre China e Taiwan aumentam. Taiwan, que deseja se manter independente e tem obtido declarações de apoio dos Estados Unidos, tem enfrentado ameaças claras do governo Chinês.
Apesar de ser um tema antigo, as tensões geopolíticas entre esses países parecem serem as maiores dos últimos anos, o que pode ter impactos severos sobre o restante do mundo.
“Se alguém se atrever a separar Taiwan da China, o exército chinês não hesitará em iniciar uma guerra, custe o que custar”, disse Wu Qian citando o ministro da Defesa Wei Fenghe durante uma reunião com o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin.
Saiba mais em:
China 'não hesitará em iniciar uma guerra' por Taiwan - ISTOÉ Independente (istoe.com.br)
Secretários de defesa de China e EUA trocam acusações em primeiro encontro | VEJA (abril.com.br)
Economia americana: inflação e desaceleração
Como reforçamos ao longo dos últimos anos, a política monetária expansionista nos Estados Unidos (juros baixos demais aliados a emissão de dinheiro sem controle) inevitavelmente levaria a uma inflação elevada, e potencialmente a uma crise econômica. O cenário já é o de uma das maiores inflações do país, o CPI (principal índice de inflação dos EUA) acumula alta de 8,6% nos últimos 12 meses, maior resultado desde a década de 80.
Para controlar a inflação, o FED, banco central americano, iniciou um ciclo de alta de juros, o que tem desestimulado o investimento em ações nos EUA e também contribuído para “secar” a fonte de recursos para as empresas que ainda não apresentam resultados consistentes, que se concentram principalmente no setor de tecnologia.
Nesse cenário, menos empregos têm sido gerados. Em maio a criação de novas vagas de empregos ficou em menos da metade do previsto. Também estão acontecendo reduções de quadro ou paralização nas contratações em grandes empresas, como Tesla e Netflix. Sinal de que um momento difícil para a economia do país pode estar adiante
- CPI: Inflação nos EUA sobe 1,0% em maio, bastante acima do esperado - InfoMoney
- Setor privado dos EUA cria 128 mil vagas em maio, menos da metade que o previsto | Mundo | Valor Econômico (globo.com)
- Dirigente do Fed destaca que risco de recessão da economia dos EUA aumentou - 02/06/2022 - UOL Economia
- Jamie Dimon, CEO do J. P. Morgan, alerta sobre 'furacão' na economia americana | Finanças | Valor Econômico (globo.com)
Desglobalização em pauta
Já havíamos comentado em nossa última apresentação semestral sobre o tema desglobalização, essa pauta vem ganhando força no mercado financeiro durante os últimos semestres. Isso se deve a recente escassez de produtos durante a pandemia, como os semicondutores, e também devido as restrições comerciais impostas pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Esse movimento implica em uma tendência mundial de inflação mais alta e crescimento econômico mais fraco, já que se trata da internalização das cadeias produtivas, que deve sair de países que possuem mão de obra mais barata em direção a nações mais desenvolvidas e com custo de produção maior. Contudo, ainda é cedo para saber o tamanho e intensidade que esse processo terá.
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Cenário Brasileiro
PIB Brasileiro melhor do que o esperado
Começamos o mês de junho com uma notícia positiva para a economia, o PIB Brasileiro cresceu 1% no primeiro trimestre, acima das projeções dos economistas feitas no início do ano.
Contudo, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), reduziu a projeção para o PIB de 2022 de 1,4% para 0,6%, citando incertezas à frente, uma inflação mais persistente e gastos públicos elevados.
Saiba mais em:
- PIB do Brasil cresce 1% no primeiro trimestre de 2022 | Brasil | Valor Econômico (globo.com)
- OCDE reduz projeção de crescimento do Brasil em 2022 e 2023 com incertezas por eleição | Brasil | Valor Econômico (globo.com)
O pior da inflação já passou?
O resultado do IPCA para o mês de maio foi de 0,47%, abaixo do consenso de mercado que era de 0,6% e mostrando um possível início da desaceleração da inflação. Como comparação, a variação mensal de março/22 foi de 1,62%.
O fato da Selic, taxa básica de juros do Brasil, está em 13,25%, um patamar contracionista, é um dos principais fatores que contribuem para uma melhora da inflação. Porém, ainda é cedo para comemorar.
Não há como afirmar como será o cenário à frente, ainda temos muita incerteza com a proximidade das eleições, déficit público elevado e cenário internacional conturbado, com inflação em alta lá fora e juros se elevando.
Saiba mais em:
- IPCA desacelera alta para 0,47% em maio e avança 11,73% em 12 meses | Brasil | Valor Econômico (globo.com)
- Déficit nominal do setor público soma R$ 26,472 bi em março, mostra BC (uol.com.br)
Entendendo a dinâmica atual da taxa Selic
Um fenômeno curioso tem ocorrido na economia brasileira nos últimos meses. Apesar do aumento drástico da taxa Selic o juro neutro (expectativa da taxa de juros para daqui a 4 anos) pouco tem se alterado, quebrando um padrão histórico onde essas taxas costumam andar juntas. Então, será que a taxa neutra prevista está correta?
Figura 3: Taxa Selic e juro neutro
O problema desse possível erro é que o juro neutro orienta o Banco Central sobre a política monetária. Teoricamente, com a Selic em 12,75%, em maio, e juro neutro (ou longo) em 7%, significa uma política monetária muito restritiva. Contudo, se a estimativa de juro neutro do Bacen estiver errada, o que pode ser o caso, seria necessário uma Selic ainda mais alta. Nos juros negociados pelo mercado, a taxa neutra seria de cerca de 12%, o que é bem acima da projeção do Boletim Focus.
Espera-se que o Bacen siga com mais um aumento de juros na próxima reunião do Copom e então pare para observar o mercado. Passamos por uma subida brutal da taxa de juros brasileira e estamos nos aproximando de um momento crucial, caso o Bacen “erre a mão” nos juros, as consequências podem ser danosas para economia: inflação alta, caso os juros fiquem mais baixos do que devem; ou desaceleração econômica, caso fiquem mais altos que o necessário.
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Como se posicionar diante desse cenário econômico?
Estamos conservadores com nossa posição internacional, alocados em ETFs que se distanciam de setores com ações que consideramos mais “caras” e buscando empresas que devem sofrer menos com a alta de juros e possível desaceleração econômica, apesar de não haver garantias para o mercado de renda variável.
No Brasil, estamos com alocação considerável em inflação, buscando proteção contra o cenário mais incerto quanto a esse indicador. Em paralelo, acreditamos que existem excelentes oportunidades na bolsa de valores para o investidor de longo prazo.