Conhecido como “Oráculo de Omaha”, Warren Buffett é o investidor mais bem sucedido da história, com uma fortuna estimada em US$ 74 bilhões pela Revista Forbes em 2013.
Nesse artigo, trataremos os principais motivos que levaram Warren Buffett a seu sucesso, entre eles:
Parte I:
- O estilo de vida frugal;
- O que fazer quando se é jovem;
- A importância de um bom relacionamento com as pessoas;
- Sua filosofia de investimentos;
- Sua estratégia de investimentos na prática.
Também continuamos a explorar a mentalidade de Buffett e outros investidores em valor por vários artigos desse blog.
#1 O estilo de vida Frugal
Um programa típico de milionários. Warren Buffett e Paul McCartney saíram para tomar um sorvete e conversar numa praça de Omaha, Nebraska, a cidade natal de Buffett.
O garoto de 16 anos, Tom White, aproveitou o momento para registrar uma selfie. Em entrevista ao The Telegraph, Tom falou:
“Estava em casa e meu amigo viu um Instagram de Paul McCartney tomando sorvete”
Tom e seus amigos pegaram uma guitarra e um disco de vinil e foram à praça para tirar fotos.
Realmente, não é todo dia que se encontram milionários. Por isso, entendo a excitação dos garotos. Porém, é interessante enxerga a cena do ponto de vista de Buffett.
Warren Buffett estava sentado numa praça tomando sorvete com um amigo. Como se fosse uma pessoa absolutamente normal. Afinal, ele é uma pessoa comum.
Segundo o Investopedia e o Wikipedia, Warren Buffett tem um salário de apenas $100 mil por ano. Seu salário não mudou em mais de 25 anos.
Buffett cultiva hábitos simples, como assistir competições esportivas na televisão e comer porcaria. Segundo ele, “sucesso é fazer o que você realmente ama e fazê-lo bem. É tão simples. Realmente fazer o que você ama todos os dias – esse é o maior dos luxos. (…) Seu padrão de vida não é igual ao seu custo de vida.”
Frugalidade significa viver abaixo de suas posses. É uma característica muito comum entre os milionários, que é destaca por vários livros, entre os quais, podemos citar:
O fator mais importante para o seu sucesso financeiro é o quanto você poupa por mês. As pessoas só podem investir o dinheiro que possuem. Por isso, de nada adianta estudar e se dedicar ao mercado de ações para obter resultados fantásticos, se você não consegue gerar uma boa poupança por mês.
Justamente, por isso, a filosofia do Método Múltiplos de Enriquecimento tem como principal pilar a poupança, não os rendimentos de suas aplicações.
Essa regra se aplica também a bilionários com o sucesso de Warren Buffett. Apesar de sua fortuna, Buffett é um homem de negócios simples, que mora na mesma casa desde 1957, não usa celular ou computador e dirige seu próprio carro, que só troca quando é obrigado pela filha, Susan.
#2 Dê mais valor às pessoas que te amam de verdade
A principal objeção ao estilo de vida frugal é que muita gente pensa que “gastar dinheiro traz felicidade.” E isso é uma grande ilusão. O pensamento: “De que adianta ter tanto dinheiro se não for para gastar” é um erro que pode lhe custar caro.
Se você parar para pensar, a maior parte do que lhe faz feliz custa pouco ou muito pouco:
- Passar um tempo com a família
- Assistir à apresentação da sua filha;
- Conversar com os amigos.
Warren Buffett e outros milionários de sucesso dão mais valor ao que é legitimamente seu do que a bens de luxo.
A família e os verdadeiros amigos, que não precisam ser comprados, lhe darão o total apoio em momentos difíceis.
Se você esbanjar dinheiro em festas e bebedeira, certamente vai fazer muitos amigos e atrair muitas mulheres. Porém, basta um momento de dificuldade na sua vida para ver o que realmente vale a pena.
Na primeira dificuldade que você tiver, os falsos amigos e as mulheres interesseiras te abandonarão. Por isso, é muito mais importante se dedicar às pessoas que realmente vão te acompanhar em momentos difíceis.
Certamente, o dinheiro é bom. E pode comprar momentos muito feliz com a sua família, como uma viagem a Paris. Porém, de nada adianta estar em uma cidade tão bonita como Paris, se a companhia não for a melhor possível.
#3 Quando você é jovem, não trabalhe por dinheiro
Warren Buffett estudava em Columbia, onde conheceu o professor de investimentos Benjamin Graham. Buffett ficou fascinado pela técnica de investimento em valor ensinada por Graham.
Por isso, Buffett se ofereceu para trabalhar de graça para a Graham & Neumann Co. Ele era jovem e estava muito mais preocupado em aprender do que em ganhar dinheiro.
Um erro comum das pessoas de classe média é mudar de emprego assim que recebem uma oferta um pouco maior de salário. Porém, isso não é o mais importante.
A juventude deve ser aproveitada como uma fase de aprendizado. Você deve procurar os trabalhos que proporcionem a você as habilidades mais importantes para o seu sucesso.
O grande privilégio de ser jovem é ter poucas responsabilidades, principalmente, financeiras. Um jovem pode se dar ao luxo de ganhar pouco com o objetivo de aprender muito. Tal opção é muito mais difícil quando se tem filhos.
É justamente esse aprendizado que te fará ser mais produtivo no futuro. A principal consequência da produtividade maior é um salário igualmente maior no futuro.
#4 Um bom currículo não diz nada sobre você
No livro Warren Buffett on Business, o maior investidor de todos os tempos conta sobre Susan Jacques, que foi CEO de sua joalheria Borsheims.
“Susan chegou à Borsheims há 25 anos como um vendedora que ganhava $4 dólares por hora. Embora ela não tivesse nenhuma formação em administração, eu não hesitei em fazer dela CEO em 1994. Ela é inteligente, ama o negócio e seus associados. Isso é mais importante do que ter um MBA.”
Mesmo tendo sido formado pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), a maior de todas as lições que aprendi após a minha formatura era que, se eu quisesse ser bem-sucedido na vida, meu diploma de nada serviria.
O máximo que o diploma do ITA poderia me conseguir era um bom emprego. Porém, até mesmo para ser promovido num bom emprego, eu precisava mostrar o valor do meu trabalho, como expliquei neste artigo.
No caso dos estudos, a mesma regra que se aplica ao trabalho vale: não estude pelo diploma, mas pelo aprendizado.
É muito mais importante acumular conhecimentos e habilidades importantes do que faculdades chiques em seu currículo.
Muitas pessoas, infelizmente, negligenciam habilidades inatas, que não se aprendem na escola. Essas habilidades incluem pró-atividade, paixão pelo negócio, dedicação, integridade e o trato pelas pessoas.
#5 Nunca monetizar relacionamentos
Como notamos acima, muitas pessoas sonham em enriquecem para comprar relacionamentos por meio de farras e diversões. Porém, é interessante observar que os milionários de verdade fazem exatamente o contrário.
A ideia mais estúpida que você pode ter é querer que as pessoas se aproximem de você nos negócios pela possibilidade de ganhar dinheiro.
No meu caso, quando comecei a consultoria de investimentos baseada na técnica de Investimento em Valor, percebi como seria pouco inteligente (e pouco lucrativo) oferecer ganhos acima da média.
A razão para isso é que o Investimento em Valor requer tempo para se mostrar como uma alternativa superior. Mesmo com a mentalidade correta, o investidor pode precisar de tempo para obter seus ganhos.
No livro The little book that beats the Market, Joel Greenblatt conta sobre um amigo que “era o mais inteligente administrador de fundos que já conheceu”.
Segundo Greenblatt, esse amigo passou 10 anos fiel a uma estratégia bem elaborada de investimentos. Apesar disso, ele passou por cerca de cinco anos de retornos abaixo do mercado. Isso fez que muitos clientes deixassem o fundo.
Greenblatt conta que houve uma época que apenas quatro clientes originais permaneceram investindo no fundo. “Felizmente, eu era um deles”, brinca o autor.
Porém, independente de que o “gerente de fundos mais inteligente” ser competente ou não, o fato é que ele monetizou relacionamentos. Prometeu a seus clientes que eles obteriam retornos acima da média. Quando eles se cansaram de esperar, foram embora.
O mesmo é válido no ambiente de trabalho. Em 1983, Warren Buffett comprou a Nebraska Furniture Mart, a maior loja de mobília dos Estados Unidos, da sua antiga proprietária Rose Blumnik numa reunião num café.
Como dois meros mortais que conversam sobre coisas da vida, Buffett e Blumnik fecharam um acordo milionário para a compra de uma gigante do varejo. Imagine o quanto foi economizado. Não foram necessários encontros de negócios, não houve uma mesa de negociações envolvendo caríssimos executivos.
Buffett e Blumnik chegaram a um acordo de uma maneira simples. Assim, ambos economizaram algumas centenas de milhares de dólares.
A simplicidade que Buffett trata de seus negócios é uma marca. Ao contrário do que diz o senso comum, o principal fator de motivação no ambiente de trabalho é o próprio trabalho.
De acordo com a Pirâmide de Maslow, a maior necessidade do ser humano é a auto-realização. Para atingir esse nível, o trabalhador precisa se sentir uma parte importante do projeto e da empresa.
A auto-realização não tem nada a ver com o salário. De acordo com Maslow, o dinheiro é associado aos dois primeiros níveis da as necessidades fisiológicas e de segurança.
Essas necessidades requerem um mínimo para serem satisfeitas. A partir daí, um aumento grande não afetará sensivelmente a felicidade do ser humano, pois ele buscará satisfazer as demais necessidades do topo da pirâmide.
A sabedoria popular diz que “quando a pessoa está com fome, trabalha até por um prato de comida”. Esse conhecimento está em total acordo com a Pirâmide de Maslow. Porém, quando a fome passa, é natural que o indivíduo comece a se preocupar com amizade ou família.
Com o tempo, o indivíduo vai passar a buscar a realização pessoal. E dará muito mais valor do que a um aumento de salário.
É muito comum ver pessoas que largaram empregos muito concorridos e bem remunerados, como consultorias e bancos de investimentos. Muitas pessoas podem imaginar: “como você pode largar um emprego que paga R$15 ou R$20 mil por mês?”
Agora, ponha-se no lugar de um empresário de sucesso. De que adianta investir na carreira de um alto executivo, se ele pode largar o emprego a qualquer momento para buscar a sua realização profissional.
Ao dar oportunidades para pessoas como Susan Jacques, era exatamente isso que Buffett buscava oferecer. Assim, criava um ambiente em que podia extrair o melhor das pessoas que trabalhavam com ele sem precisar oferecer promessas de ultra-salários.
#6 Confiar nas outras pessoas
Nos tempos de hoje em dia, é muito comum a figura do investidor ativo. Como exemplos, temos Bill Ackman, que gastou US$55 milhões numa apresentação em que acusava a Herbalife de ser uma pirâmide financeira.
A principal característica dos investidores ativos é meter o dedo nas atividades da empresa. Eles chegam, colocam seu capital e começam a interferir nas decisões da diretoria.
De vez em quando, diversos investidores ativos têm interesses diferentes. Nesse caso, acontecem as famosas disputas societárias. Como exemplo, temos a briga no comando da Eternit.
De acordo com a matéria, o investidor Luiz Barsi quer mudar tudo e demitir a cúpula da empresa. Ele argumenta que os principais problemas da empresa são as despesas administrativas elevadas e os altos salários dos executivos.
Esse tipo de atividade é inacessível ao investidor comum. Porém, uma boa notícia. Não é isso que faz o maior investidor de todos os tempos.
Warren Buffett prefere seguir uma lógica diferente. Quando ele resolve investir numa empresa, é porque acredita nela. E acredita nas pessoas que gerem aquele negócio.
A disputa envolvendo o comando da Eternit é claramente prejudicial à companhia. Uma companhia consegue obter resultados melhores quando todos os seus stakeholders estão alinhados.
E é exatamente por isso que Buffett evita se envolver demasiadamente na administração das empresas que administra.
Além disso, outro princípio muito utilizado por Buffett é que ele só faz negócios com pessoas que têm paixão pelo negócio que administram.
Para Buffett, uma empresa só vale a pena quando as pessoas que o tocam são capazes de se dedicar com tanto afinco ao negócio quando ele for de propriedade de Buffett quanto se dedicavam quando o negócio era de sua propriedade. Muito interessante essa observação.
Nessa lição, Buffett aplica simultaneamente os princípios 5 de não monetizar relacionamentos e 6 de confiar nas pessoas.
#7 Admita seus erros, mesmo que você não os tenha cometido.
Para ser bem-sucedido na vida, é preciso saber reconhecer seus erros. Buffett define: “um investidor precisa saber bem poucas coisas, desde que evite grandes erros.”
Uma estratégia de auto-defesa do ser humano é negar seus próprios erros. Passar a imagem de que estão sempre certas é muito importante para algumas pessoas. Assim, elas pensam que vão ser valorizadas nos momentos em que os resultados do trabalho estão abaixo da média.
Tome o caso do treinador de um time de futebol. Quando o resultado é uma vitória, a reação mais natural é destacar suas próprias qualidades, como a substituição que o treinador fez no final do jogo e que resultou num gol. Porém, quando o resultado é uma derrota, a maioria dos treinadores tem a tendência de pôr a culpa no time.
Porém, o treinador de sucesso faz o contrário. Quando o resultado é vitória, ele elogiará o time, exaltando as características dos jogadores que levaram à vitória. Por outro lado, quando o resultado é derrota, chamará para si a responsabilidade e admitirá seus próprios erros, ainda que não tenha sido o causador da derrota.
Dessa maneira, o treinador mantém elevada a auto-estima de seus jogadores. Assim, ele conquistará a confiança e o apreço de sua equipe.
Warren Buffett tem a decência de admitir seus erros o mais rápido possível. Como exemplo, Buffett narra em sua Carta aos Acionistas da Berkshire Hathaway sobre seu erro ao não comprar ações do Walmart.
Buffett não comprou Walmart porque a ação havia subido alguns centavos de dólar em relação ao preço que achava justo. Em alguns anos, a ação mais do que dobrou.
Felizmente, Buffett reconheceu a tempo seu erro e passou a investir no Walmart e pode aproveitar um ganho de 10 vezes o seu investimento.
O Oráculo de Omaha separa os erros em dois tipos: os erros de omissão e os de comissão. Os erros de omissão são aqueles em que se erra por não ter agido, como foi o caso do Walmart. Já os erros de comissão são aqueles em que se agiu de forma errada.
Para Buffett, os erros mais importantes são aqueles que podem representar um sério prejuízo ao investidor. Tome o caso das milhares de pessoas que investiram em OGX, mesmo sem ter conhecimento para isso.
Comentamos que uma simples lição seria suficiente para descartar o investimento nessa empresa e evitar sérios prejuízos.
A atitude de corrigir seus próprios erros no momento em que eles se tornam evidentes é extremamente importante para evitar grandes perdas. O mesmo se aplica ao ambiente de trabalho.
Ao corrigir sua própria postura, você demonstra honestidade intelectual e se tornará uma pessoa com mais credibilidade.