Com o aumento da inflação no Brasil e na taxa de juros, é natural que alguns investimentos que antes estavam "escondidos", passem a ter maior visibilidade. É o caso do Tesouro Direto Prefixado.
Será que está, finalmente, na hora de investir em Tesouro Prefixado?
Nesse artigo você entenderá:
- O que é e como funciona o Tesouro Direto;
- O que é o Tesouro Prefixado;
- Quais os riscos de investir nesse ativo;
- Exemplos de cenários que podemos observar nos próximos anos;
- Afinal, está na hora de investir?
Tesouro Direto: a melhor forma de começar a investir.
O Tesouro Direto é um programa do governo brasileiro iniciado em julho de 2002 com o objetivo de dar acesso ao brasileiro comum à compra de dívidas do governo e, assim, financiar os programas sociais.
Ao investir no tesouro, você emprestará o seu dinheiro ao governo que, em tese, é o melhor pagador que você poderá investir dentro de um país, visto que é o responsável pela emissão de moeda.
Sendo assim, investir no Tesouro Direto é considerado a forma mais segura de começar no mercado financeiro.
Tipos de investimentos do Tesouro
É possível investir no tesouro direto através de três tipos de títulos:
Tesouro Selic: título de renda fixa que paga o valor de 100% da taxa Selic. É considerado o investimento mais seguro do Brasil, inclusive, pagando mais que a famosa poupança. Excelente para quem está começando.
Tesouro IPCA+: título de renda fixa que paga a taxa de inflação mais um ágio para quem deixar no título até o vencimento. Excelente forma de garantir recebimentos acima da inflação.
Tesouro Prefixado: título de renda fixa que, como o nome já diz, tem uma taxa prefixada. Você sabe exatamente quanto vai receber no dia de contratação, desde que deixe os recursos até o dia do vencimento.
Mas e se você quiser tirar o seu dinheiro antes do vencimento?
Marcação a mercado
Imagine que você possa comprar uma cédula que vai te pagar R$ 1.000 reais no dia 01/08/2029. Por quanto você compraria essa cédula hoje?
Certamente você não pagaria os mesmos R$ 1.000, visto que você só estaria deixando o seu dinheiro guardado, tanto quanto faria no colchão da sua casa.
Também não faria sentido pagar mais de R$ 1.000 nessa cédula, tendo em vista que você poderia colocar até mesmo na poupança e já teria mais.
Pois bem, você provavelmente pagaria algum valor abaixo de R$ 1.000 e que fizesse sentido para você. É exatamente assim que funciona o título prefixado.
Por exemplo, hoje (agosto/2022), quando estou escrevendo esse artigo, o Tesouro Prefixado 2029, que pagará R$ 1.000 em 7 anos, está custando R$ 451,95.
Ou seja, significa que para receber R$ 1.000 na data estipulada do vencimento, você precisaria desembolsar R$ 451,95, um rendimento de 13,21% ao ano.
Mas o que aconteceria se você quisesse vender antes?
A resposta é que tudo vai depender do custo de oportunidade.
Se a taxa de juros, que hoje está em torno de 14% ao ano, estivesse 25% ao ano, você continuaria querendo comprar um prefixado que paga 13,2% ao ano?
E no caso contrário, se a taxa de juros tivesse 2% ao ano, como há dois anos, certamente os 13,2% seria um excelente negócio, não?
Por isso, um título prefixado é um título que modifica o seu preço diariamente, podendo pagar mais ou menos que os 13,2% prometido para o vencimento, e tudo vai depender da taxa de juros dos próximos anos.
Se a taxa de juros subir, o seu título vai passar a valer menos do que você espera.
Se a taxa de juros cair, você vai receber mais do que os 13,2%, caso opte por vender antecipadamente.
E se não vender, receberá em 2029 o valor acordado.
O nome disso é marcação a mercado, porque o preço é modificado com o mercado todo dia e esse é o maior “risco” de um título prefixado, passar a valer menos se você precisar do dinheiro.
Sendo assim, aí vai a primeira lição: nunca invista em prefixado um dinheiro que você precisará usar nos próximos anos.
“Ok, João, ficou claro a marcação a mercado e os riscos envolvidos, mas agora é a melhor hora ou não para investir em título prefixado?”
Antes de mais nada, se você tem dificuldade de saber como montar uma carteira de investimentos com qualidade e de acordo com seu perfil e objetivos, considere conversar com nossos consultores para entender como funciona o serviço de Consultoria de Investimentos da Múltiplos.
Vamos considerar o Tesouro Direto Prefixado 2029 como exemplo. A expectativa do Boletim Focus, relatório divulgado pelo Banco Central que reúne as expectativas do mercado, a previsão de julho/22 é que a taxa Selic caia para 7,5% entre 2024 e 2025.
O que aconteceria com a rentabilidade do Tesouro Prefixado 2029 caso o cenário se concretizasse?
Para fazer esse cálculo, precisamos usar uma calculadora financeira para encontrar quanto custaria um título em 2024 que pagasse o equivalente a cerca de 8% ao ano. Nesse caso, o mesmo título (que hoje custa R$ 451,95) estaria custando R$ 650,58 em dois anos.
Ou seja, estamos falando de um rendimento de 22,71% ao ano, se o cenário se concretizar, o que caracterizaria um excelente investimento.
Por outro lado, imagine um cenário de crise em que o Brasil, por estar com uma inflação ainda muito alta, atingisse uma taxa de juros de 16% em dois anos, por exemplo, estaríamos falando de uma rentabilidade 2,6% ao ano em um cenário de alta inflação, um péssimo negócio.
Conclusão
Um título prefixado começa a fazer muito sentido em um cenário de melhoria econômica. O ideal, na verdade, é iniciar suas compras quando as curvas de juros começam a cair.
Ou seja, se tratando de Brasil, tudo vai depender de como se comportará a inflação nos próximos anos. Caso tenhamos um cenário de melhora, que já vem se mostrando nos últimos relatórios do IPCA, os títulos prefixados começam a ficar atraentes.
Se você nos acompanha há muito tempo, sabe que nos últimos 6 anos passamos muito longe dos títulos prefixados, porém, nossa visão tem começado a mudar em relação a esses ativos.
Acreditamos que estamos começando a ver uma janela de espaço para redução da inflação no Brasil nos próximos anos. E, pela primeira vez, estamos com uma visão mais otimista em relação aos prefixados.
Porém, ainda há o risco fiscal do Brasil, que precisa ser monitorado, e o que vai ser sucedido nos próximos meses em relação à inflação mundial, que segue crescendo. Tudo isso pode mudar a forma como enxergamos esse título para os próximos meses.
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