O ponto de partida para resolver a dúvida sobre onde investir é entender como um investimento funciona.
É muito importante compreender os riscos aos quais o seu patrimônio está exposto em cada tipo de investimento. Dessa forma, você será capaz de identificar os principais fatores aos quais você deverá estar atento antes de realizar um aporte.
Nesse artigo, você entenderá:
- O que é um investimento
- Para que serve um investimento
- Tipos de investimento
- Como o investidor ganha dinheiro
O que é, de fato, um investimento?
Muitas pessoas buscam a Múltiplos como forma de investirem melhor o seu dinheiro.
Entretanto, a maioria delas não para pensar como um investimento funciona. E você, já pensou nisso?
O conceito de investimento está intimamente relacionado com o conceito de preferência temporal. A preferência temporal diz respeito à sua necessidade de gastar dinheiro hoje ou de poupar esse dinheiro para o futuro.
Na sociedade, existem dois grupos de pessoas que precisam um do outro.
O investidor é alguém que tem poupança e que gostaria de receber rendimentos por seu dinheiro, mas não sabe como aplicar os seus recursos.
Pense, por exemplo, que você acabou de ser contratado por uma empresa. Você ganha um salário que mantém você e a sua família no presente, mas sabe que precisa pensar no seu futuro. Por exemplo, na sua aposentadoria ou em mandar seus filhos para estudar no exterior.
Dessa forma, você tem uma baixa preferência temporal. Ou seja, você pensa em economizar dinheiro no presente para tê-lo em disponibilidade no futuro. Sua prioridade é formar uma poupança.
Você poderia deixar o seu dinheiro parado, porém, entre outras coisas, existe a inflação que irá reduzir o seu poder de compra. É por isso que você precisa obter rendimentos.
Perceba que você tem o dinheiro, mas não sabe o que fazer com ele para obter rendimentos.
Do outro lado, está o empreendedor que tem projetos que podem render lucros, porém, frequentemente, ele não tem o dinheiro necessário para investir nesses projetos.
O empreendedor tem alta preferência temporal, pois ele precisa gastar dinheiro hoje do qual ele não dispõe. Mas por um bom motivo: ele quer construir um negócio.
Veja, portanto, que temos duas figuras que se complementam: o investidor que tem recursos, mas não sabe como obter rendimentos a partir deles; e o empreendedor que sabe como obter rendimentos, mas não tem os recursos necessários.
O investimento é a ponte entre os dois. O investidor repassa seus recursos ao empreendedor que investirá nos seus projetos. Com o resultado dos projetos, o empreendedor terá lucros e depois retribuirá parte desses lucros ao investidor.
O investimento é uma relação de ganha-ganha-ganha em que todos saem beneficiados. o investidor acumula os lucros do bom investimento; o empreendedor recebe o capital de que precisava para gerir seu negócio; e a sociedade passa a ter acesso aos empregos e produtos gerados por essa empresa.
Rentabilidade do investimento
O primeiro ponto a se saber sobre o investimento é que todo investimento é de risco.
Como comentamos anteriormente, todo o rendimento de investimentos vem do resultado de algum produto ou serviço de alguma empresa que recebeu o aporte de seus recursos. Caso a empresa investida falhe na aplicação do capital que ela recebeu, ela não terá como pagar ao investidor.
É bastante frequente ouvirmos falar do “investimento sem risco”, porém, isso não existe. O melhor que podemos fazer é diversificar e diluir o risco que corremos, porém, não existe investimento 100% seguro.
Podemos dividir as aplicações em duas categorias conforme a forma que o investidor repassa seus recursos ao empreendedor:
- Renda Fixa;
- Renda Variável.
Renda Fixa
Nas aplicações de Renda Fixa, o repasse de recursos se dá na forma de um empréstimo.
Pense, por exemplo, que eu quero abrir uma padaria e, para isso, preciso de recursos para investir no negócio.
Então, eu vou pedir dinheiro a você com a seguinte condição: “Eu lhe pago juros de 10% ao ano.”
A primeira coisa que você precisa entender para saber se um investimento de Renda Fixa vale ou não a pena é qual a pergunta que você me faria para saber se vale a pena ou não emprestar o seu dinheiro a mim.
Pense bem.
Pense melhor.
Não simplesmente espere que eu diga a resposta.
Já pensou?
Um bom consultor financeiro lhe diria que você precisa saber se realmente a pessoa que lhe está pedindo dinheiro emprestado tem ou terá condições de lhe pagar no futuro.
Tem alguma dúvida que gostaria de tirar com um Consultor? Agende agora uma sessão gratuita:
Em outras palavras, você precisa saber se ela tem um negócio rentável.
Por isso, eu repito insistentemente. De nada adianta você tomar um CDB com uma altíssima taxa de rendimento, se o banco não tiver condições de lhe pagar. Por isso, a escolha de uma aplicação de Renda Fixa não pode ser feita somente pela taxa. É um grave erro.
Ao escolher aplicações de Renda Fixa somente pela taxa de juros, você corre o sério risco de perder o seu capital implorando por 1% a mais de rendimento.
Pré-Fixado ou Pós-Fixado?
Além de saber se eu tenho condições de lhe pagar, é interessante que você saiba se realmente a taxa de juros que eu ofereci vale a pena. Vale a pena receber 10% ao ano?
A taxa de 10% ao ano é chamada de uma taxa pré-fixada, porque ela foi acordada entre as partes e será paga independentemente do que acontecer na economia.
Se amanhã tudo estiver bem, o empreendedor lhe deverá 10% ao ano de juros. Se houver tempestade, se chover, se fizer sol, o empreendedor lhe deverá 10% ao ano de juros.
Mais importante, quando escrevia esse artigo, a inflação era de 3% ao ano. Como sabemos, a inflação é a perda no poder de compra do seu dinheiro. Se você tem um empréstimo de 10% ao ano, na verdade, você está ganhando apenas aproximadamente 7% ao ano — a conta precisa seria 1,10/1,03 = 1,068, portanto, você ganharia exatamente 6,8% ao ano.
Perceba que, numa aplicação pré-fixada, se a inflação passar a ser de 20% ao ano, não importa. Você continuará recebendo 10% ao ano, portanto, você está literalmente perdendo dinheiro.
Por outro lado, se a inflação cair, você será amplamente beneficiado, pois seu rendimento real vai crescer.
Parece um pouco complicado, não é? Por isso mesmo que o mercado facilitou nossas vidas e criou as aplicações pós-fixadas.
Nessas aplicações, a taxa de rendimentos é definida depois do empréstimo, seguindo algum indicador, que normalmente é o CDI.
O CDI segue muito de perto a Taxa Selic que é quanto o governo paga por seus empréstimos. Quando escrevia esse artigo, a Selic estava em 6,25%.
O que aconteceria se a inflação subir a 20%? Nesse caso, a Taxa Selic e o CDI também subirão e os seus rendimentos serão protegidos da inflação.
Por outro lado, o que aconteceria se a inflação cair para 0% ao ano? Nesse caso, a Taxa Selic e o CDI vão diminuir, o que vai reduzir os seus rendimentos nominais. É de se esperar que seus rendimentos reais sejam mantidos, mas não se pode garantir.
O interessante das aplicações pós-fixadas é que elas são muito mais úteis para preservar a rentabilidade real das suas aplicações.
Por isso, elas são bastante interessante para montar a sua reserva de liquidez ou reserva de emergências, que é aquele dinheiro que você pode utilizar tanto para uma emergência como para um plano com data definida, como fazer uma viagem, trocar de carro ou reformar a sua casa.
As aplicações pré-fixadas, por sua vez, são mais recomendadas para investidores experientes que desejam especular sobre uma possível melhora na economia brasileira.
Tipos de Aplicações de Renda Fixa
Existem vários tipos de aplicações de Renda Fixa:
- Certificados de Depósito Bancário (CDB): são as mais comuns. Nessas aplicações, o investidor utiliza o banco como intermediário. Ele empresta seu dinheiro ao banco que, posteriormente, fará as aplicações dos recursos.O risco de crédito se dá todo por parte do próprio banco, pois ele é o seu devedor. É importante analisar bem o banco e saber se ele é rentável e se ele está sofrendo alguma crise de inadimplência.As informações sobre os bancos constam nos sites de RI das próprias instituições.
- Letras de Crédito Imobiliário ou Letras de Crédito Agrícola (LCI e LCA): semelhantes aos CDB, porém, os recursos necessariamente são direcionados ao mercado imobiliário ou rural. A vantagem dessas aplicações é que são isentas de imposto de renda.As aplicações de CDB, LCI e LCA em bancos usufruem da garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que é uma instituição de resseguro nacional. O FGC garante até R$250 mil por CPF em caso de falência do banco.No entanto, não recomendamos contar com essa garantia, pois ela pode falhar, caso vários bancos quebrem. O ideal é sempre você estudar e analisar o próprio banco para o qual você está emprestando dinheiro.Sim, lembre-se disso. Fazer um CDB, LCI ou LCA é literalmente emprestar dinheiro para o banco. Você é o credor.
- Debêntures: o investidor empresta diretamente o seu dinheiro para uma empresa. É uma forma mais barata para as empresas de financiarem suas dívidas e costuma oferecer melhores retornos para o investidor, pois eliminar o banco como intermediário.Porém, o investidor concentra todo o seu risco de crédito em uma única empresa. Por isso, é ainda mais importante estudá-la a fim de entender se ela realmente terá condições de lhe pagar no futuro.Uma métrica que gosto de usar bastante é o Retorno sobre o Ativo (ROA). É a razão entre o Lucro Líquido e o Ativo Total da EmpresaSuponha que a empresa tenha um ativo de R$1 milhão e gera lucro líquido de R$100 mil por ano. Nesse caso, ela tem um ROA de 10%.Agora, suponha que ela ofereça uma debênture com rendimento de 8% ao ano. Nesse caso, parece bastante razoável que ela tenha condições de lhe pagar. Por quê?
Suponha que você emprestou a ela R$100 mil. Ela vai investir e obter lucros de R$10 mil, pois gera ROA de 10%, e daí vai ter de sobra R$8 mil para pagar seus rendimentos.
Renda Variável
Nos mercados de Renda Variável, você adquire um ativo real. O exemplo mais famoso é o mercado de ações. Mas existem outros, como os mercados de ouro e imóveis.
Ao comprar ações de uma empresa, você se torna sócio dela. E a empresa recebeu um aporte de capital que poderá utilizar em seus projetos.
Pense, por exemplo, que você comprou ações de uma padaria. A empresa pode, por exemplo, usar esse dinheiro para abrir uma nova filial.
Se a nova filial for lucrativa, os lucros da empresa crescerão e você, como sócio, fará jus a uma parte deles na forma de dividendos.
Muitas pessoas falam que o mercado de ações é arriscado. Porém, aqui, eu gostaria de chamar a sabedoria do mestre Warren Buffett, considerado por muitos como o maior investidor de todos os tempos:
“O risco vem de não saber o que você está fazendo.”
Voltemos ao exemplo da padaria. Eu te ofereci comprar ações da minha padaria, ou seja, ofereci para você ser sócio da empresa. Diante disso, quais perguntas que você me faria para saber se vale a pena ou não entrar na sociedade?
Pense.
Pense bem.
Não simplesmente espere que eu responda.
Já pensou?
Um bom consultor financeiro deveria lhe dizer que o principal fator a saber é se o negócio é lucrativo. Um fato importante a se saber é que todo o rendimento dos sócios vem dos lucros de uma empresa. Você jamais poderá obter lucros comprando algo que não é lucrativo.
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Existem basicamente duas formas de ganhar dinheiro no mercado de ações, mas ambas são vinculadas aos lucros:
- Você pode receber dividendos, que nada mais são do que a divisão dos lucros da empresa entre os acionistas;
- Você pode vender a ação por um preço superior ao que você pagou. E isso é bastante provável de acontecer quando os lucros da empresa vão crescendo, não acha?
Longo Prazo ou Curto Prazo?
A imensa maioria das pessoas têm a impressão de que o mercado de ações é frenético e que as decisões são tomadas por um prazo curtíssimo.
A maioria das pessoas imagina que possuímos ações por semanas, dias ou às vezes até por horas.
Porém, eu tenho uma ação na minha carteira há mais de 10 anos – e olha que eu só tinha 28 anos quando escrevi esse artigo.
Voltemos ao exemplo da padaria. Agora que você já entendeu que comprar ações é se tornar sócio e que a empresa usará seu aporte de capital para investir nas suas próprias atividades, vamos raciocinar: faz mais sentido o investimento de curto ou longo prazo?
Se a padaria vai abrir uma nova filial do meu negócio, essa filial precisa de um tempo para maturar. Não só o tempo de a nova loja ficar pronta, mas também de consolidar o novo ponto comercial e atrair novos clientes.
Além disso, imaginemos que a nova filial deu certo, o que é mais racional? Retirar o seu investimento com lucro ou investir novamente para a construção de outras filiais ou expansão do negócio de outra forma?
Ora, é claro que, se o seu investimento deu certo naquela companhia, você deve continuar investindo. Time que está ganhando não se mexe. Se a sua empresa está crescendo, continue na rota do crescimento.
Sendo assim, o bom investimento realmente precisa de tempo. Não é possível escapar dessa realidade.
Marcação a Mercado
Um dos maiores mistérios no mercado de investimentos em ações é a marcação a mercado, ou seja, o fato de que os preços das ações variam a cada segundo na Bolsa.
Para entender melhor esse fenômeno, vamos comparar com o que acontece em outro setor da Renda Variável: os imóveis.
Suponha que você comprou um apartamento por R$400 mil. Na semana seguinte, alguém te ofereceu R$350 mil nele. Você venderia?
Não? E se outra pessoa te oferecesse R$300 mil?
Ainda não? E se outra pessoa te oferecesse R$250 mil?
Última chance. Outra pessoa te ofereceu R$200 mil?
Ainda não vendeu? Por que não?
Certamente, se você pagou R$400 mil pelo apartamento é porque você acredita que ele vale mais do que R$400 mil. Sendo assim, você não o venderia por menos.
É exatamente por isso que as pessoas são bem sucedidas quando investem em imóveis, porque elas entendem o valor daquilo que estão comprando.
Por outro lado, se fosse uma ação de alguma empresa negociada na Bolsa, a imensa maioria das pessoas já teria vendido. E, por isso mesmo, elas são mal sucedidas nesse tipo de investimento.
A maioria das pessoas pensa que a volatilidade do mercado de ações, ou seja, o fato de que a sua ação que você compra hoje pode valer menos amanhã, é o maior risco envolvido. Porém, a volatilidade não é um risco. Aliás, pouco importa para o investidor de longo prazo.
O verdadeiro risco é comprar um negócio sem entender o seu verdadeiro valor. Em outras palavras, sem entender a companhia e suas perspectivas de lucro.
Se você compra uma ação hoje por R$40 e amanhã ela vale R$30, pode ser uma boa oportunidade para comprar mais. Afinal de contas, você está pagando mais barato por uma empresa que continua gerando os mesmos lucros. No mínimo, você receberá a mesma quantidade de dividendos no final do ano, porém, eles te custarão menos.
Quando eu era iniciante no mercado de ações, eu tinha ações do Pão de Açúcar (PCAR). Eu entendi bem que comprar ações era me tornar sócio, então, resolvi dizer que eu tinha um pedaço do Pão de Açúcar e escolhi uma prateleira em um supermercado Extra que ficava na frente do CTA.
Quando a ação PCAR caía, eu ia lá no supermercado e olhava a minha prateleira. Curiosamente, ela estava funcionando normalmente. As pessoas continuavam passando por ali e comprando os produtos normalmente.
Foi assim que eu entendi que as oscilações diárias dos preços das ações são muito menos importantes. O que mais importa é se realmente o negócio continua lucrativo ou não.
Conclusão
- Um investimento é uma ponte entre o empreendedor e o investidor
- Trate investimentos em Renda Fixa como um empréstimo de seu dinheiro para alguém
- Você pode ganhar dinheiro de duas formas em uma sociedade: valorização da empresa ou distribuição de lucros
- Se boas sociedades são um bom negócio, por quê vende-las? Reinvista os lucros!
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