Este artigo foi escrito em novembro de 2020, quando o Bitcoin bateu recorde de cotação, em reais, chegando ao patamar de R$100 mil reais.
Em Outubro de 2021, passados menos de um ano do artigo, o Bitcoin bate um novo recorde, chegando ao patamar de US$ 66 mil (equivalente a R$ 372 mil), e as dúvidas sobre o ativo voltam a aparecer...
Mas então, será que essa criptomoeda está mais uma vez vivenciando uma bolha, o que vimos em 2017? Ou será que a elevação do preço do ativo é estrutural?
O que está fazendo o Bitcoin a se valorizar tanto?
Nesse artigo, eu trouxe 5 razões que mostram que a alta recente do Bitcoin, vista em 2020, é diferente do último rally da moeda, ocorrido no início de 2017, e que os argumentos permanecem válidos com a recente alta de outubro de 2021.
Primeira diferença: Apoio de fortes instituições financeiras.
Nos últimos anos, diversas instituições financeiras passaram a olhar para o mercado de criptomoedas com mais seriedade.
O JP Morgan, uma das maiores instituições financeiras do mundo, por exemplo, via o Bitcoin como uma fraude, 3 anos atrás. Recentemente, o banco mudou completamente sua visão sobre o ativo, sugerindo que o preço poderia triplicar nos próximos anos. No relatório, o banco citou que não enxergava o Bitcoin apenas como reserva de valor, mas também um novo meio de pagamento.
Além do JP Morgan, o Fidelity, maior fundo de investimentos do mundo com U$ 8,6 trilhões de patrimônio aplicado, criou um fundo de bitcoin. Além disso, também sugeriu que estaríamos apenas no início de uma forte alta do ativo.
A instituição de pagamento mais famosa do mundo, o Paypal, passou a aceitar transações de Bitcoin e Ethereum para a sua plataforma.
Segunda diferença: o hype da moeda está significativamente menor.
Na última alta do Bitcoin, em 2017, era muito comum ver notícias em jornais a respeito do ativo.
Não apenas isso, o número de pesquisas "buy Bitcoin" no Google Trends atualmente está em apenas 13% do volume apresentado na última alta.
Esse dado pode indicar que havia um efeito manada durante um último auge do mercado, que não está sendo evidenciado com tanta força no momento presente, conforme foi detalhado por um dos sócios da Múltiplos, Thiago Cardoso, nesta matéria para o jornal Diário de Pernambuco.
Terceira diferença: a expansão monetária mundial está em níveis recordes.
Não é novidade que o mundo vive uma nova era de taxa de juros negativas e políticas expansionistas nos principais países.
Nos EUA, o balanço do FED subiu de pouco mais de U$ 4 trilhões de 2017, para mais de U$ 7 trilhões pós pandemia. Isso sem falar que no período pré crise de 2009, o total de ativo não passava de 900 bilhões.
Em outras palavras, o balanço de ativos do país multiplicou por quase 8 vezes em 12 anos. Isso nunca antes aconteceu na história.
O próprio FED, em julho, afirmou que espera um aumento de inflação para os próximos anos. Esse cenário favorece moedas com características de escassez, como metais e o Bitcoin.
Quarta diferença: a volatilidade do Bitcoin tem caído ano após ano.
Você acha que o Bitcoin é um ativo volátil? Imagina o que isso significava 8 anos atrás, quando variações de mais de 80% da moeda ocorria em dias.
Um dos principais argumentos para que o Bitcoin não seja tão utilizado como moeda é justamente a sua volatilidade. Você utilizaria uma moeda sem conseguir ter uma previsibilidade do preço em algumas semanas?
A medida que o mercado ganha maturidade, a volatilidade de preços tende a diminuir. Lembrando que volatilidade não significa algo ruim, apenas faz com que entusiastas entesourem seus ativos e novos entrantes temam.
Quinta diferença: o mercado está muito mais desenvolvido.
O Hashrate do Bitcoin evoluiu em mais de 40 vezes desde o último rally.
O Hashrate é a velocidade de resolução de um código da blockchain. Sendo assim, essa velocidade aumentou em mais de 40 vezes em 3anos. Ou seja, a rede está ainda mais rápida.
Isso também é um indicativo de que a rede computacional por trás do BTC está mais forte. E quanto maior a força computacional, maior a segurança da rede.
O saldo nas corretoras está em queda e o preço está em alta. Isso significa que a alta, dessa vez, pode estar sendo influenciada pela entrada de investidores institucionais. Além disso, também pode significar que o número de pessoas resgatando os seus Bitcoins para entesourar é maior. Ou seja, mais investidores de longo prazo.
Conclusão
Se você está começando a conhecer o mercado de criptomoedas agora, é importante estudar a fundo o seu funcionamento.
O Bitcoin é uma tecnologia que tem o potencial de revolucionar o sistema financeiro como conhecemos, e por isso, merece atenção. Mas é preciso entender as características do ativo que você está investindo.
Thiago Cardoso, analista CNPI da Múltiplos Investimentos, falou mais sobre o tema nessa matéria concedida ao Diário de Pernambuco.