A Renda Fixa também apresenta riscos! Saiba como minimizá-los

André Falcão, CGA
Economista
23/2/2023

Com a performance negativa de grande parte do mercado de ações nos últimos meses e a atual taxa de juros elevada, com a Selic em 13,75%, é natural que muitos investidores tenham preferido concentrar seus investimentos em ativos de renda fixa, por se sentirem mais seguros.

Por outro lado, recentemente vimos alguns exemplos em que os ativos de renda fixa geraram dores de cabeças para seus investidores.

Diante disso, uma pergunta é inevitável: como investir com segurança em Renda Fixa?

Fique até o fim do artigo se você quiser entender sobre:

Entendendo o que é a Renda Fixa

Antes de falarmos dos riscos, é importante estarmos na mesma página sobre o conceito do Investimento em Renda Fixa. Esse tipo de investimento trata-se de emprestar dinheiro para um banco, empresa ou até o próprio governo, na expectativa de receber o montante emprestado no futuro com uma correção de juros. Ou seja, funciona como empréstimo, onde você é o credor e a instituição que emitiu o título é a devedora.

O nome “fixa” deriva do fato de ter um rendimento acordado no momento da compra. Podendo ser conhecido previamente, como no caso dos prefixados ou depender de índices, que é o caso dos títulos pós-fixados, como os investimentos atrelados ao CDI ou a inflação (IPCA). 

Por si só, esse tipo de operação envolve diversos riscos. Na verdade, todo tipo de investimento possui riscos, os que são classificados como renda fixa não são exceções, como veremos a seguir. 

Calote das instituições: o risco de contraparte

O primeiro risco que vale a pena estar atento é o de calote, ou seja, do não pagamento ao investidor. 

Recentemente tivemos notícias de grandes empresas e bancos com problemas para pagar seus devedores, só neste ano houveram os casos das Lojas Americanas, BRK Financeira e Portocred.

Não há fórmula mágica para identificar com precisão qual empresa ficará inadimplente, mas é importante ter critérios bem estabelecidos para mitigar esse risco.

Aqui na Múltiplos nossos critérios abordam os seguintes campos:

·        Análise de balanços, pois é importante uma situação financeira saudável e histórico de lucros positivos e consistentes

·        Análise dos ratings de agências especializadas, como a Standards & Poor's e a Fitch

·        Índice de Basileia e imobilização para emissões bancárias – inclusive, uma dica de fonte para essas informações é o site Banco Data

Dentro de cada um desses pontos de avaliação nós temos critérios rígidos e imprescindíveis, que nos dizem se o ativo poderá ou não ser indicado para nossos clientes, a fim de minimizar ao máximo o risco de contraparte. 

Se quiser entender melhor quais são esses critérios, fale conosco.

Marcação a mercado

A marcação a mercado é a atualização de preço dos ativos de acordo com a demanda de mercado no momento. Ou seja, é a cotação diária de um título. Ela afeta principalmente os títulos prefixados, seguindo a seguinte lógica: Quando os juros (Selic) sobem, as cotações dos títulos prefixados caem, e vice-versa. Lembrando que isso é válido apenas antes do vencimento. Se você aguardar o prazo de vencimento terá a rentabilidade acordada.

Por exemplo, em agosto de 2020, quando Selic chegou em um dos menores patamares da história, a 2% a.a., o tesouro prefixado estava pagando uma taxa e aproximadamente 6% a.a., o que pode parecer muito atrativa à primeira vista, afinal, estamos falando de 3 vezes a Selic.

Mas quem comprou esse título na época pode ter se decepcionado. O rendimento medido pela marcação a mercado foi de -4% nesse período, contra 20% do CDI. Acontece que a Selic subiu e o interesse por um título que pague 6% fixos ao ano despencou.

Porém, vale reforçar que, se esse for o seu caso, não se preocupe, a tendência é que, à medida que o título for se aproximando do seu vencimento, a rentabilidade se aproxima dos 6% ao ano acordado.

Figura 1: Rentabilidade do Tesouro Prefixado 2026 marcada a mercado desde 2020 (Fonte: Mais Retorno)

Por isso, na hora de investir nesse tipo de título é importante tomar os seguintes cuidados:

·        Não investir para prazos longos valores que você pode precisar antes do vencimento

·        Cuidado especial com títulos prefixados, esses títulos são muito sensíveis a variação da taxa de juros básica (Selic)

·        Teses bem embasadas sobre cenários para investimento e trajetória da taxa e juros

Quer ajuda para entender melhor o cenário atual para os investimentos? Entre em contato com um consultor da Múltiplos.

Perda do poder de compra

A inflação corrói nosso poder de compra, de nada adianta ter uma boa rentabilidade nos investimentos se ela não é o suficiente para recuperar o poder de compra perdido com o avanço da inflação. Ou seja, é preciso buscar ganho real.

Qualquer investimento tem risco de não superar a inflação, mas destaco aqui a aplicação no tipo mais comum de “renda fixa”, o CDI. Apesar de incomum, não existe garantia de que essa taxa irá superar a inflação, já que se trata de um “preço” controlado, definido pelo banco central, enquanto a inflação reflete a realidade do mercado.

Nos últimos 3 anos, por exemplo, o CDI ficou basicamente “empatado” com a variação da inflação.

Figura 2: Variação do CDI e do IPCA entre jan/2022 e fev/2023 (Fonte: Mais Retorno)

O que fazer?

Na nossa visão, uma carteira diversificada é a melhor alternativa para o investidor individual superar a inflação e também o próprio CDI. Uma carteira diversificada é aquela que possui diferentes classes de ativos com baixa correlação entre si, ou seja, que estão sujeitos a riscos e potenciais de retornos diferentes com o tamanho da exposição em cada ativo atrelada ao perfil de risco do cliente. 

Em uma carteira diversificada, é comum a presença de ativos atrelados à inflação, ao CDI, de ações, investimentos no exterior, entre outras.

Para ilustrar esse ponto, no gráfico abaixo você pode visualizar como uma carteira diversificada indicada pela Múltiplos para um perfil moderado se comportou nos últimos 7 anos, rendendo o equivalente a 3,4 vezes o IPCA no período e 1,8 vezes o CDI.

Figura 3: Histórico de rentabilidade de uma carteira diversificada indicada pela Múltiplos

Fica claro que investir em renda fixa é muito mais complexo do que parece à primeira vista. Ter um processo de diligência e diversificação dentro dessa parte da carteira é essencial.

Conte conosco para te ajudar nisso! Entre em contato com um de nossos consultores.

Estamos à disposição.

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