Panorama do Mercado - Março 2024

André Falcão, CGA
Economista
15/3/2024

Eleições e o Contexto Atual da Economia Americana

As eleições americanas sempre representaram um marco significativo no cenário global, e para os investidores brasileiros, não é diferente. O período eleitoral nos Estados Unidos é historicamente marcado por uma volatilidade considerável nos mercados financeiros, e a eleição de 2024 não foge à regra.

Neste pleito, os candidatos apresentam-se como figuras já conhecidas, com experiência prévia na Casa Branca, o que confere certa previsibilidade ao processo eleitoral, uma vez que suas políticas e posturas são amplamente conhecidas. No entanto, mesmo com essa familiaridade, não podemos negligenciar as incertezas inerentes a qualquer eleição.

Até o momento, Donald Trump desponta como favorito para vencer a eleição. Suas políticas têm sido caracterizadas por restrições comerciais à China, ênfase no controle da imigração e implementação de cortes de impostos para setores considerados chave para a economia. Essas medidas têm o potencial de impactar significativamente os investimentos brasileiros, especialmente aqueles relacionados ao comércio bilateral com a China e os Estados Unidos.

No entanto, é crucial destacar que os Estados Unidos enfrentam atualmente um cenário de taxas de juros elevadas e dívida pública em níveis consideráveis. A falta de ênfase dos governantes e candidatos em questões fiscais é notável e pode resultar em uma economia potencialmente mais instável a médio prazo, além de dificultar a redução das taxas de juros a Fed Funds Rate. Essa conjuntura reforça a tese de que as taxas de juros nos Estados Unidos dificilmente retornarão aos patamares próximos de zero num futuro próximo.

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Figura 1: FED Funds Rate e projeção do mercado para próximos meses

Mantemos uma visão positiva para ativos de renda fixa americanos, dada a expectativa de manutenção das taxas de juros em níveis elevados, enquanto adotamos uma postura neutra para ativos de renda variável.

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Bitcoin: Alta de quase 200% em 12 meses, o que fazer?

Nos últimos 12 meses o bitcoin subiu quase 200% em reais, o que levanta alguns receios dos investidores, especialmente os que começaram a investir nesse ativo há pouco tempo. Por esse motivo, cabe algumas observações.

Continuamos com a tese de longo prazo em bitcoin, apesar de difícil saber o potencial real de precificação, continuamos com visão positiva para o ativo dado suas características de descentralização e anti-inflacionárias (limitação de emissão de novos bitcoins), que o torna atrativo em um mundo de economia mais frágil e com tendência de inflação mais alta que nas últimas décadas.

Vale lembrar que ainda esse ano haverá o halving do Bitcoin, que é um evento que acontece a cada quatro anos, onde a recompensa para os mineradores que mantêm a rede do Bitcoin é cortada pela metade. Isso é feito para controlar a oferta de Bitcoin e pode potencialmente levar a um aumento no preço do Bitcoin no futuro, pois reduz a quantidade de novos Bitcoins que entram no mercado.

Apesar disso, é necessário atentar ao tamanho da sua exposição: com essa alta, o tamanho da sua posição em bitcoin pode estar maior que a sua tolerância e/ou necessidade de risco da carteira, cabe uma avaliação caso a caso junto ao seu planejador para avaliação se é necessário a venda de parte dos seus bitcoins por esse motivo.

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Céu de brigadeiro para o Brasil? Vamos com calma

O cenário econômico brasileiro tem despertado interesse positivo entre os investidores, embalado por uma série de indicadores encorajadores. No entanto, é crucial abordar essa situação com cautela e realizar uma análise minuciosa dos diversos fatores em jogo.

Entre os sinais animadores, destaca-se o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que tem superado as expectativas, revelando uma economia mais resiliente do que o previsto, mesmo diante de um contexto de taxas de juros ainda na casa dos dois dígitos. Além disso, as reformas implementadas pelo governo brasileiro demonstram um compromisso com a melhoria do ambiente econômico, sinalizando um potencial de fortalecimento da economia a longo prazo.

Adicionalmente, o posicionamento neutro historicamente adotado pelo Brasil em relação às tensões geopolíticas pode servir como um escudo protetor para a economia nacional frente a possíveis turbulências no cenário político internacional. No entanto, recentes declarações do presidente têm suscitado dúvidas quanto a essa posição de neutralidade, o que pode impactar esse aspecto positivo.

Por outro lado, há pontos de preocupação que não podem ser negligenciados. A situação fiscal do Brasil ainda carece de uma solução definitiva, apesar dos esforços do governo para reverter o déficit público. A dívida pública continua em níveis elevados e vem crescendo desde o início de 2023, exigindo um plano sólido e abrangente para seu enfrentamento, até o momento centrado principalmente em propostas de aumento de impostos.

Figura 2: Dívida Bruta como % do PIB (Fonte: Banco Central do Brasil)

Além disso, embora as reformas estejam em andamento, muitas delas ainda não foram concluídas. Por exemplo, enquanto a reforma tributária sobre o consumo foi aprovada, ainda há pendências quanto às alíquotas e à reforma dos impostos sobre a renda. A reforma administrativa também parece ter sido deixada de lado, gerando incertezas sobre seus impactos finais na economia.

Em resumo, embora haja otimismo em relação aos ativos de risco no Brasil, impulsionados pela tendência de corte de juros e valuations ainda atrativos, é essencial não subestimar a gestão de riscos. A diversificação permanece como a estratégia-chave para lidar tanto com os riscos fiscais internos quanto com as incertezas externas. Assim, é crucial manter uma exposição equilibrada em diferentes classes de ativos, alinhada ao perfil de investidor de cada indivíduo.

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